O impacto da retirada dos cobradores

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3 min readFeb 2, 2023

Por Lourenço Ramos e Andrya Pietra

Foto retirada pela equipe da fachada da empresa Via Verde.

Em 9 de junho de 2022 a prefeitura escreveu, no Artigo 8° da Lei 2.898 “o pagamento da tarifa será feito pelo passageiro ao cobrador ou motorista”, o que levou as empresas de ônibus a preparar a retirada dos cobradores dos veículos, sem um estudo de como isso afeta o usuário.

Foi sancionada em 9 de junho de 2022 pela prefeitura, no Artigo 8ª da Lei 2.898, que “o pagamento da tarifa será feito pelo passageiro ao cobrador ou motorista”, sem referência a cobradores. Como uma justificativa aos constantes assaltos e uma iniciativa para a redução de custos, a prefeitura da cidade de Manaus optou por uma alternativa que vem se espalhando por diversas cidades do país que é a retirada dos cobradores de ônibus.

Logo quando a lei foi sancionada ocorreu uma grande pressão dos funcionários das mais diversas empresas de transporte público da cidade gerando assim uma alteração feita pela prefeitura e a lei 2.923. Agora, o artigo 8º passa a valer com o seguinte texto: “o pagamento da tarifa será feito pelo passageiro ao cobrador, no serviço convencional, e ao motorista, no serviço complementar”.

Nossa reportagem buscou ouvir uma das empresas responsáveis pelo transporte coletivo de Manaus a empresa Via Verde, no entanto não obtivemos respostas. Fomos informados por um dos funcionários que não seríamos recebidos e esta pauta da retirada dos cobradores não ocorreria naquela empresa.

Nossa equipe buscou ouvir a classe mais afetada por essa mudança, a classe dos cobradores. Um profissional atuante dessa área a dezessete anos nos concedeu uma entrevista falando sobre toda essa época da sanção da lei e sobre como a empresa que ela atua está funcionando depois dela.

“Bem mana, aqui é o seguinte. Quem responde por esse processo aí, quem nos defende é o nosso sindicato é ele que vai a frente de todos, a nossa frente. Então como fizemos da outra vez foi uma movimentação aí então eles aderiram que deixassem os cobradores ficar até porque então ia ficar muita gente desempregada.” Diz a cobradora quando perguntada sobre a reação dos funcionários à promulgação da lei. Nossa equipe tentou entrar em contato com um representante do sindicato Felix Nogueira mas não obtivemos resposta.

Na empresa Via Verde segundo o funcionário que nos recebeu a empresa optou pela circulação dos ônibus, com os cobradores de segunda á sábado e no domingo a circulação apenas com os motoristas, uma alternativa que parece ter sido adotada por outras empresas também. O funcionário também nos disse que os motoristas quando circulam aos domingos recebem um adicional por estarem exercendo a dupla função, algo que foi negado pela nossa segunda fonte, que nos informou que o motorista recebe apenas um adicional se estiver trabalhando em sua folga e não pela dupla função.

Entrevistamos uma usuária de transporte público Priscila Garrido acerca de como essa mudança a afetou. Segundo ela, essa retirada dos cobradores foi perceptível aos fins de semana devido ao problema e demora de embarque. Ela nos disse que o ônibus só sai da parada depois que todos os passageiros embarcam e são atendidos tendo que observar questões como a catraca, a passagem de troco entre outras coisas; em dias de grande fluxo isso se torna um problema pois ocorre uma grande demora tanto para o embarque quanto para a saída do ônibus.

Recentemente está ocorrendo uma nova produção de frotas de ônibus, os chamados micro-ônibus, esses novos modelos de transporte tem um chassi menor e já vem sem a cadeira dos cobradores, a tendência é que é que essa nova frota cresça e em consequência o número de cobradores diminua. A nova lei 2.923 parece apenas adiar o inevitável, os números já vem diminuindo esporadicamente e no futuro talvez a própria função de cobrador venha a sumir, deixando a questão de como ficaram esses profissionais se sua função se torna obsoleta?

imagem feita pela equipe de um micro-ônibus já sem a cadeira de cobrador.

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O LabF5 publica conteúdo desenvolvido por estudantes do curso de Jornalismo da Ufam e colaboradores. E-mail: contato.labF5@gmail.com